terça-feira, 31 de julho de 2012

Revolução na imagem


Thích Quảng Ðức durante a auto-imolação /
  Por:
 Malcolm Browne.
Guerras, descriminação, exploração, fome, protesto, regresso, opressão, progresso, liberdade. A história do mundo é também a história do homem, e desde que o homem passou a deixar suas marcas em cavernas, essa história vem sendo registrada e passada as gerações futuras.  Escrituras, esculturas e pinturas, artes que são nossa memória mais distante.

Mais nova e com outra visão artística (que muitos ainda insistem chamar de imparcial), a fotografia desenvolveu o formato que conhecemos durante o século XX, quando as câmeras ficaram menores, mais acessíveis, e os “artistas” realizaram obras que marcaram e transformaram a realidade. O ditado diz que “uma imagem vale mais que mil palavras”. Exageros a parte, o impacto provocado por uma fotografia muitas vezes extrapola o texto que a acompanha, ou até mesmo o torna desnecessário. 

Menina Afegã / Steve McCurry
Se uma foto não pode mudar o mundo, pode pelo menos concertar um pouco as coisas que a sociedade insiste em fazer errado. Lewis Hine (26 de setembro de 1874 – 3 de novembro de 1940) dedicou sua vida nessa crença. Suas fotos tratavam, principalmente, o trabalho semi-escravo exercido nas fábricas norte-americanas por homens, mulheres e crianças. Expressões de cansaço, desamparo e medo, combinadas com o cenário degradante, são até hoje uma mancha na história do país que naquela época propagava um ideal “libertário”. Mesmo não tendo o devido reconhecimento em vida, e vindo a falecer sem dinheiro, as consequências de sua obra permanecem até hoje na forma de leis nacionais de proteção ao trabalhador e a criança.

As imagens de guerra, sobretudo após o fotojornalismo e sua popularização por obras e estilo de atuação como de HenriCartier-Bresson e Robert Capa, passaram a ter também seu significado de protesto. Agora, não são apenas histórias sobre os horrores do conflito, mas as imagens que correm o mundo; imagens que chocam pela presença de crianças, inocentes ou soldados, nos conflitos dos quais muitas vezes ignoramos; imagens como a de Phan Thị Kim Phúc correndo de seu vilarejo em chamas durante a guerra do Vietnã ; como Sharbat Gula, a menina afegã refugiada longe de sua pátria pela invasão Soviética; ou como Thích Quảng Ðức, que em forma de protesto ateou fogo em seu próprio corpo, sacrificando-se voluntariamente.
Menina Vietnamita foge de sua vila após ser bombardeada
com Napalm por Norte Americanos / Nick Ut / AP


A fotografia tem a capacidade de não apenas registrar o instante, mas toda a história e o contexto que a envolve. Por isso a importância de “fotografar propositalmente”, conhecer o objeto, estudar tudo que o envolve, assumir um ponto vista e evitar fotografar aleatória e indiscriminadamente na esperança que alguma fique boa suficiente para ser publicada.


 
“O mundo não está feito de átomos, o mundo está feito de histórias”. - Muriel Rukeyser



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